Brazil
May 23, 2025

O uso de Inteligência Artificial (IA) no melhoramento genético da soja tem revolucionado o setor agrícola, encurtando drasticamente o tempo necessário para desenvolver novas cultivares. Antes, esse processo podia levar até 10 anos. Agora, com a IA, é possível realizar simulações e cruzamentos virtuais que antecipam o desempenho das plantas em diferentes condições ambientais.
Segundo Daniel Longhi, pesquisador associado da TMG – Tropical Melhoramento & Genética, a tecnologia permite simular combinações genéticas antes mesmo do plantio, otimizando a seleção de cultivares. “Com os modelos preditivos, conseguimos antecipar características importantes para cada região, otimizando a seleção e tornando o lançamento de novas variedades até três vezes mais ágil”, afirma.
Longhi destaca que os avanços em genotipagem e fenotipagem de alto rendimento a campo mapeam geneticamente cada planta, desde seus estágios iniciais. “Entramos no DNA da planta para selecionar com precisão os atributos que devem ser preservados, o que aumenta a eficiência no campo”, explica.
A TMG prevê um investimento de R$ 2 bilhões até 2031, impulsionando sua infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento, com foco em soluções genéticas para soja, milho e algodão.
A aplicação da IA não só acelera o ganho genético, mas contribui para o avanço da nossa agricultura às metas globais de produtividade, segurança alimentar e sustentabilidade.
Adaptabilidade ao clima e à realidade regional
A diversidade climática e de solo no Brasil exige materiais genéticos específicos para cada região. “O material que plantamos no Sul difere daqueles usados no Cerrado, e cada região tem suas particularidades, desafios e características ímpares”, explica Longhi.
Com o suporte de tecnologias de campo, como drones para fenotipagem, é possível avaliar o desempenho das cultivares mesmo sob condições adversas, como ondas de calor ou estiagens severas.
Os dados fenotípicos são integrados a bancos genômicos e, com o apoio da IA, tornam-se a base para modelagens preditivas altamente precisas.
“Hoje conseguimos predizer o desempenho de cruzamentos para os próximos três a quatro anos”, afirma Longhi. Isso permite um planejamento genético estratégico, com simulações de milhões de combinações para selecionar os materiais com maior potencial de produtividade e adaptação climática.